segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Pais de atletas: Parceiro, vilão ou um "mal" necessário?


Conheço muitos treinadores que tremem quando a palavra "pai" é pronunciada. A maioria tem razão.
Muitos pais na ânsia de ver seu filho se desenvolver no esporte, aliada à falta de conhecimento específica da modalidade ou dos métodos de treinamento, extrapola em alguns aspectos. Porém, o que às vezes nos falta pensar é que eles são fundamentais no processo de iniciação à prática esportiva.
Como disse no post sobre os professores, que são os grandes responsáveis pelo desenvolvimento do aluno e futuro atleta, o "gatilho" da iniciação esportiva está nas mãos dos pais.
São eles que incentivarão os filhos a iniciar ou permanecer na atividade física; serão eles que darão o suporte logístico e financeiro para a manutenção do aluno; serão eles que suportarão as decepções e comemorarão as alegrias que o esporte proporciona.
Cabe a nós, profissionais da área, estabelecer os limites de atuação tanto de nossa parte, como dos pais e só conseguiremos isto apresentando conhecimento e segurança nas nossas atitudes, aulas, treinos e convivência com pais e familiares.
Para um melhor resultado, profissionais, família e atletas devem entender que cada um tem seu pedaço no processo. Cada ponta do triângulo tem suas crenças, formas de trabalhar, objetivos e expectativas e que ninguém está preso a ninguém. Todos estão no mesmo barco, por isso devemos remar para o mesmo lado e a melhor forma de acertarmos o rumo é conversando, para o bem de quem é mais importante - a criança.
Até mais.


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Apoio ao esporte de base. O que é isso?...


Com a proximidade do final das Olimpíadas do Rio de Janeiro e, com a certa "frustração" pelos nossos resultados, ouvimos muito falar em Apoio ao Esporte de Base. Mas o que realmente se entende por "apoio"?
Quando ouço falarem em apoio ao esporte, sempre se fala em dinheiro, mas realmente é isso que precisamos? Falando da natação, nunca houve tanto dinheiro para uma preparação, nunca se investiu tanto, nunca tivemos tantas condições para o resultado, mas ele não veio. O que nos faz pensar que não é o dinheiro que garante o resultado, devem existir outras variáveis. 
Tivemos 7 anos para nos preparar para estas Olimpíadas (sem mencionar as outras tentativas de sediar os Jogos) e não tivemos nenhum projeto, nenhuma diretriz, nenhuma conversa sobre o que fazer para termos atletas que nos representassem nas Olimpíadas - pelo menos não na natação. Tivemos dinheiro, mas será que ele foi empregado da forma correta?
Se fala muito nos Estados Unidos, pois bem, tenho oportunidade de conversar com ex-atletas que treinam e estudam nos Estados Unidos, bem como com pais que mantém seus filhos no país do "Tio Sam". Tudo é pago. O treinador, a piscina, as inscrições, os materiais, a escola, suplementos, alimentação, tudo, tudo, tudo.
Aqui, damos estrutura (nos clubes), bolsa de estudo, vale-transporte e até salário para crianças/atletas a partir do Infantil. Aqui temos excelentes treinadores que estudam e se dedicam muito pela profissão e pelo esporte. Aqui temos pais que apoiam seus filhos e dão boas condições de treinamento. Aqui temos oito milhões de quilômetros de praias. Aqui temos um clima extremamente favorável para a prática da natação. Aqui temos mais de 120 clubes que participam dos Campeonatos Brasileiros de Natação. Aqui temos condições muito boas para revelar atletas, o que falta então?
Falta DEDICAÇÃO, falta OBJETIVO, falta FÉ, falta ASSUMIR SUAS RESPONSABILIDADES E SEUS RESULTADOS, falta SAIR DO CONFORTO, falta PARAR DE DAR DESCULPAS. Falta QUERER SER O MELHOR DO MUNDO e PAGAR O PREÇO PARA ISTO.
Porque brasileiros que treinam fora, costumam ter bons resultados? Porque quando realmente os atletas querem resultados eles saem do país? Fora do Brasil, se trocam os genes dos atletas? Acho que não. Fora do país, se trocam os pensamentos.
Não quero dizer que aqui é uma maravilha, temos muito o que melhorar e evoluir, mas certamente aqui não é esse lixo que todos preconizam.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

INSERÇÃO DE ATIVIDADES FÍSICAS NO DIA A DIA AJUDA A IR BEM NA ESCOLA...


MATÉRIA DA FOLHA DE SÃO PAULO  01/07/2016 (GUSTAVO QUEIROLO E RAPHAEL VICENTI)

A prática de atividades físicas por crianças e jovens afeta positivamente a memória, bem estar psicológico e inclusão social diz o documento que ficou conhecido como “Consenso de Copenhague”, assinado em abril de 2016 por 24 pesquisadores de diversas áreas reunidos na Dinamarca e publicado nesta semana pela revista científica British Journal of Sports Medicine.
Além dos benefícios físicos, a prática de atividades físicas traz ganhos no desenvolvimento intelectual e integração social entre crianças e jovens com idade entre 6 e 18 anos.
“O jovem que pratica atividade física depois da escola tem mais facilidade em memorizar o que foi aprendido durante a aula” diz Peter Krustrup da Universidade de Copenhague, especialista em fisiologia do exercício.
“A atividade física – definição que abarca a prática de esportes, brincadeiras recreativas ou ir de bicicleta à escola, por exemplo – age positivamente na formação de estruturas cerebrais como o hipocampo” diz Charles Hillman, professor da Universidade de Ilinois.
Segundo o pesquisador, o tamanho da estrutura não é sempre relacionado a processos cognitivos específicos, mas acredita-se que é um bom indicador da saúde cerebral. “Publicamos dados mostrando que crianças mais saudáveis têm hipocampo mais volumoso e têm desempenho melhor em tarefas específicas de memória que se mostraram dependentes dessa região do cérebro”.
Na prática, de acordo com Krustrup, o ideal é que a criança pratique 60 minutos de atividades menos intensas diariamente (bike, ir à escola a pé) e devem ser somadas à prática de atividades de alta intensidade como prática de artes marciais em 3 sessões de 30 minutos por semana.
Fatores socioeconômicos podem influenciar a participação das crianças em atividades físicas, dentre elas, limitações físicas, falta de habilidade, orientação sexual e gênero.
“A gente sabe, por exemplo, que pessoas mais pobres tendem a fazer menos exercícios que as mais ricas e que meninas tendem a fazer menos que os meninos” diz Krustrup

Isso deve servir para as autoridades planejarem políticas de incentivo ao esporte, devendo esses grupos serem privilegiados.